Ser singular

Ai ai, como são lindas as nossas diferenças! Físicas, mentais, espirituais, uma infinidade de possibilidades em um único ser. Quantas combinações diferentes podemos ser! Mas queremos?

É igualmente proporcional a quantidade de diferenças versus a dificuldade que temos em nos mantermos firmes à nossa singularidade. Somos pressionados e pressionadas de todos os lados a ficarmos cada vez mais homogêneos.

Quem nunca se comparou com o colega de trabalho, com o famoso da TV, com o/a ex companheiro(a) do seu namorado(a)? Quem nunca se diminuiu sem querer e acabou sofrendo de ansiedade por dias? E pior ainda, quem nunca ouviu de uma terceira pessoa uma alfinetada disfarçada de brincadeira/dica?

Com a era das redes sociais as comparações no geral aumentaram muito, e com isso mais crises de ansiedade, mais pessoas se distanciando do real para se comparar ao virtual, que sabemos que é maquiado por dezenas de edições, filtros e uma onda imensa de procedimentos estéticos.

Hoje me pego pensando como seria a Jaqueline se tivesse continuado com sua beleza natural. Será que meus cabelos teriam caído tanto durante esses anos todos? Até onde meu corpo teria mudado? A pressão estética nos faz mudar, e depois nos faz de escravas de retoques, trocas e ajustes.

Mas como se manter firme frente essa pressão estética tão grande? O que funcionou comigo foi ver minhas fotos de anos atrás, e observar como eram as características que me incomodam hoje. Ultimamente estava incomodada com as olheiras, fiz consulta médica para avaliação de preenchimento e estava com outro médico agendado para uma segunda opinião; mas aí no meio do caminho tive a ideia de olhar minhas fotos antigas e comparar a “evolução do problema”… Resultado? Não houve evolução. Aparentemente sempre tive olheiras, um pouco mais, um pouco menos e é isso. Quem não tem olheiras nos dias de hoje? Pois é, talvez só quem se submeta à correções (e tudo bem!).

Mas saindo um pouco do tema “físico”, tem algo melhor do que podermos ser nós mesmos? Com nossa personalidade, nossa risada genuína, nossas piadas ruins, nossos jeitos, trejeitos, manias, crenças e sermos aceitos assim? O que deveria ser normal hoje em dia é quase uma bênção! E como podemos ser aceitos com nossa imensa bagagem? Começando primeiro pela nossa própria aceitação e depois exercitando a aceitação dos outros como são, acolhendo as bagagens diferentes e tentando aprender com elas.

A heterogeneidade é a coisa mais linda e importante desse mundo. A natureza já sabe disso, quanto mais heterogênea maior é a capacidade de passar por pragas, doenças e continuar espalhando descendentes adaptados. Só falta os humanos abraçarem a ideia.

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